Na próxima sexta-feira, às 19h, o Centro Cultural Franco-Bissau-Guineense, em Bissau, será palco da exibição de um documentário impactante que resgata uma narrativa há muito esquecida: a dos comandos africanos que lutaram ao lado das Forças Armadas Portuguesas durante a Guerra Colonial (1961-1974). Produzido pela revista digital DIVERGENTE, o filme traz à tona histórias de lealdade, abandono e uma busca por reconhecimento que durou décadas.
A Trajetória dos Comandos Africanos: Lealdade e Sacrifício
O documentário retrata a jornada de milhares de africanos, muitos deles guineenses, que se alistaram nas fileiras portuguesas durante o conflito. Esses homens, conhecidos como “comandos africanos”, lutaram em missões de alto risco, muitas vezes utilizando seu conhecimento do terreno e das culturas locais para vantagem militar.
“Lutávamos por uma terra que acreditávamos ser nossa, por um futuro que imaginávamos compartilhar”, relata um veterano no filme. Suas histórias revelam uma complexa relação com Portugal – uma mistura de identidade, dever e, posteriormente, desilusão.
O Abandono Pós-25 de Abril: Quando a História os Esqueceu
Com a Revolução dos Cravos (1974) e a descolonização, esses soldados enfrentaram um destino amargo. Muitos foram abandonados sem apoio, perseguidos como “colaboracionistas” ou deixados à própria sorte em um país que agora os via com desconfiança.
- Sem reconhecimento: Nenhuma pensão, nenhuma medalha, apenas o silêncio.
- Medo e ostracismo: Muitos esconderam seu passado por décadas, temendo represálias.
- Falta de documentação: Arquivos perdidos, registros destruídos – suas histórias foram apagadas.
50 Anos Depois: A Luta por Reconhecimento
Agora, meio século depois, esses veteranos finalmente quebram o silêncio. O documentário não é apenas sobre o passado, mas sobre uma demanda atual:
- Reconhecimento público de seu papel na história.
- Restituição de direitos, como pensões e acesso a benefícios militares.
- Reparação moral, para que suas experiências não sejam apagadas.
“Não queremos apenas ser lembrados. Queremos justiça”, afirma outro ex-comando no filme.
Por Que Este Documentário Importa?
- Preenche uma lacuna histórica: A narrativa oficial muitas vezes ignorou esses soldados.
- Aborda feridas não curadas: O trauma colonial ainda ecoa na Guiné-Bissau e em Portugal.
- Inicia um diálogo necessário: Sobre lealdade, identidade e reconciliação pós-colonial.
Detalhes da Exibição
- Data: Sexta-feira, 28 de junho de 2024
- Horário: 19h
- Local: Centro Cultural Franco-Bissau-Guineense, Bissau
- Entrada: Livre (sujeita à lotação)
Um Chamado à Reflexão
Este documentário não é apenas um registro histórico – é um ato de resistência contra o esquecimento. Ao dar voz a esses veteranos, a DIVERGENTE desafia narrativas simplistas sobre o colonialismo e convida o público a refletir sobre:
- O preço da lealdade em um contexto de guerra e mudança política.
- As responsabilidades pós-coloniais de Portugal e da Guiné-Bissau.
- O direito à memória desses homens, cujas vidas foram moldadas por conflitos alheios.
“Eles foram heróis para alguns, traidores para outros. Mas acima de tudo, foram seres humanos pegos no turbilhão da história.”
